sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Maria Teresa Maia Gonzalez (2)




«Há quem morra sem sequer ter chegado, alguma vez, a viver.»

Assim se referia a escritora Maria Teresa Maia Gonzalez à falta de sensibilidade, à indiferença e futilidade com que ocupamos o nosso dia-a-dia e desprezamos os nossos pequenos dons, à nossa indisponibilidade para os problemas do nosso semelhante … É esta morte espiritual que a preocupa e contra a qual se insurge nos seus livros, como forma de consciencializar os leitores para os seus efeitos, para, assim, poder mudar algo, por muito pouco que seja…

Foi no dia 24 de Janeiro, durante o encontro dos nossos alunos com a escritora, que esta, dirigindo-se a um auditório juvenil totalmente rendido à sua presença e ao poder sedutor das suas palavras introdutórias, se revelou em toda a sua humanidade.

Mais do que um mero evento pontual, esta conversa com a escritora Maria Teresa Maia Gonzalez sobre os seus livros, os seus temas, as suas personagens assumiu um significado especial para todos os intervenientes: as suas respostas frontais deixaram transparecer vivências e testemunhos autênticos de entrega ao Outro e à escrita, que fizeram eco na forma de estar e de sentir da assistência. Foi particularmente vivido o apelo à educação para os afectos e para os valores; a valorização dos pequenos gestos, insignificantes para o próprio, mas muito significativos para a pessoa do Outro, pois têm o poder de lhe conferir dignidade e auto-estima; fazendo com que sinta valorosa.

Na perspectiva humanista da escritora, este é, afinal, o autêntico sentido da Vida, patente nas marcas que deixamos, nos elos de ligação que estabelecemos, presentes, por exemplo, na «força de um abraço», que tanta falta faz, como testemunha uma aluna presente na sessão: “ (…) ninguém, ninguém tem coragem. Ninguém se atreve a pedir um abraço quando mais precisa a um desconhecido. Nem todos têm um ombro para chorar nas situações mais indesejáveis, sufocantes... Para mim, foi muito comovente. A minha sensibilidade ficou ainda mais "sensível"!”

Não tenhamos vergonha de tomar «o abraço» que Maria Teresa Maia Gonzalez «fez o favor» de nos deixar com a sua presença.

Dignifiquemos a nossa Vida!
Fiquemos também nós mais sensíveis!

professora Teresa Lucas

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