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Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2015

Herberto Helder (2)

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Herberto Helder 1930-2015

Um poema cresce inseguramente na confusão da carne, sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto, talvez como sangue ou sombra de sangue pelos canais do ser. Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência ou os bagos de uva de onde nascem as raízes minúsculas do sol. Fora, os corpos genuínos e inalteráveis do nosso amor, os rios, a grande paz exterior das coisas, as folhas dormindo o silêncio, as sementes à beira do vento, - a hora teatral da posse. E o poema cresce tomando tudo em seu regaço. E já nenhum poder destrói o poema. Insustentável, único, invade as órbitas, a face amorfa das paredes, a miséria dos minutos, a força sustida das coisas, a redonda e livre harmonia do mundo. - Em baixo o instrumento perplexo ignora a espinha do mistério. - E o poema faz-se contra o tempo e a carne. Herberto Helder , 196

Não gosto de ler (*)

                             Sorrio sempre que alguém diz: "Não gosto de ler."  Todo o homem é um leitor. Lê imagens, sinais, signos e palavras. Lê a linguagem das nuvens e sabe que vai chover. Lê a linguagem dos pássaros, a das cabras, a das águas, lê todas as linguagens da natureza. Lê as linguagens que se lêem com a vista, com o olfacto, com o sabor, com o ouvido, com a pele. Para sobreviver na selva ou na tundra, os nossos antepassados dos tempos pré-históricos tinham que ser muito bons leitores. A esta capacidade original de ler veio juntar-se a capacidade de nomear através da palavra. Esse foi um primeiríssimo acto mágico e maravilhoso, fundador da história da humanidade. O próprio mundo na tradição judaico-cristã é criado pela palavra. Segundo oGénesis: "No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra era informe e vazia. As trevas cobriam o abismo, e o Espírito de Deus movia-Se sobre a superfície das águas. Deus disse: 'Faça-se luz'. E a luz

João Magueijo (*)

(disponível na BE dia 10) Um roteiro  de  cómicos  fins  de semana  mal  passados e tentativas  frustradas de  fazer  férias  em Inglaterra servem de ponto de partida para uma viagem pela cultura anglo-saxónica,   pelos olhos de um cientista português radicado no Reino Unido há mais de vinte anos e do qual estamos habituados a ler obras de divulgação científica. Bifes Mal Passados é alternadamente hilariante e sério, convidando a uma reflexão sobre a identidade cultural e incitando os portugueses a despojarem-se de complexos de inferioridade.                                                                                                                                                          Cota:  50-MAG Em Física basta dizer-se a palavra «luz» para que todos entoem «nada se move mais depressa do que a luz» - o que de facto é verdade. Mas a luz tem outra propriedade espantosa: propaga-se a uma e uma só velocidade, que é uma das constantes da natureza. Est

PÚBLICO

No Ano  Internacional da Luz e dos 100 anos da Teoria da Relatividade de Einstein, o PÚBLICO escolheu o Tempo como tema para celebrar os 25 anos do jornal e convidou o físico teórico João Magueijo para diretor por um dia desta edição especial. [...] Quando decidimos celebrar a ciência, área de saber à qual o PÚBLICO sempre deu enorme valor, percebemos que íamos mergulhar num processo de desmultiplicação. [...] Prepare-se para a viagem, Não será preciso cinto de segurança. [...] Este é o nosso presente de anos para si. Inclui textos de João Magueijo, [...], a cosmóloga Marina Cortês conta como quase morreu a pensar em Einstein. O astrofísico Vítor Cardoso leva-nos num passeio sobre a nossa visão do Universo ao longo do último século. O físico Carlos Fiolhais faz luz sobre o grande legado de Einstein. [...] Como a velocidade de rotação da Terra está abrandar, de vez em quando os relógios atómicos de todo o mundo precisam de ser atrasados um segundo. Explicamos porquê. Vh

Clube Manga (2)

ANIME E REALIDADE O que distingue o anime , animação de origem japonesa, de outro tipo de animação? A expressividade dos seus personagens representada através dos seus olhos: grandes, muito bem definidos e cheios de brilho. O resto da face e do corpo caracteriza-se por nariz pequeno, cabelos longos e corpo esguio. As figuras tendem a constituir uma caricatura ou estereótipo: ora perfeitas e equilibradas, ora apresentando características peculiares (por exemplo a deformação das feições) levadas ao extremo. Os cenários são muitas vezes dispensados. A estética manga caracteriza-se ainda pela simplicidade e espontaneidade do traço, geralmente a preto e branco, feito a tinta nanquim, mais conhecida como tinta-da-china. A profundidade da mente dos seus personagens expressa pelo olhar, pela linguagem gestual e corporal, pelo movimento e pelo contraste de luz e sombra. Nos filmes de anime os efeitos sonoros que indicam a chuva ou o vento intensificam a sensação de silênc