sexta-feira, 29 de maio de 2015

Feira do Livro (3)





Começou ontem no Parque Eduardo VII em Lisboa  a 85ª edição de Feira do Livro.
De segunda a quinta-feira, entre as 22h00 e 23h00,  acontece a "Hora H", onde várias editoras, durante uma hora, colocam alguns livros à venda com descontos de 50 %.

Esta e outras iniciativas podem ser consultados no sítio oficial da feira, Aqui.



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Francisco Galope



Na  Batalha de La Lys, Milhões ficou para trás e cobriu a retirada dos camaradas. Durante vários dias vagueou por trincheiras e descampados sobrevivendo graças à sua metralhadora e a um pacote de amêndoas da Páscoa. Ao regressar ao seu acampamento, depois de matar soldados alemães e salvar civis, foi recebido como um herói.

«A história do Milhões tem qualquer coisas de conto de fadas. Qaundo o seu filhito tiver idade de ouvir histórias, se alguém o tomar sobre os joelhos e lhe contar a de seu pai, o pequeno tem de abrir uns grandes olhos, como se lhe relatassem o caso do Grão de Milho ou da Gata Borralheira.»

André Brun in Diário de Notícias (1924)

Uma história de glória e esquecimento de um soldado que se tornou uma lenda.



Aníbal Milhais, o soldado Milhões





Milhões, o herói português da Grande Guerra

Este homem valia por vinte, trinta mil, por um milhão de homens. Não devia ser Milhais, mas Milhões.
Comandante do batalhão em que Milhais servia  (França)


Aníbal Augusto Milhais (1895-1970) combateu na Grande Guerra (1914-1918) como elemento do Corpo Expedicionário Português (CEP) entre 1917 e 1918. Tal como a grande maioria dos soldados do CEP era um jovem de origens muito humildes, analfabeto, agricultor e que, até à data da sua partida para a Guerra, não tinha saído das imediações da sua terra natal, Valongo, concelho de Murça (Trás-os-Montes).
Não fora a iniciativa do jornal Diário de Lisboa, em 1924, convidá-lo para participar na cerimónia de Estado de tumulização dos dois soldados desconhecidos da Grande Guerra (um das expedições em África e outro das expedições na Flandres) e acender da Chama da Pátria que teve lugar no Mosteiro da Batalha e, provavelmente não ouviríamos falar mais dele, dada a sua simplicidade e modéstia.

O seu maior feito na frente de combate da Flandres foi durante a batalha de La Lys (9 de abril de 1918) em que, contrariando as ordens de um oficial, cobriu a retirada dos seus companheiros portugueses e britânicos, acompanhado de uma metralhadora ligeira Lewis, arriscando a própria vida.
 Pelo seu desempenho exemplar na Guerra foi o único soldado raso a receber a mais alta condecoração a que um militar português pode aspirar, a de Cavaleiro da Ordem de Torre e Espada do Valor, Lealdade e Mérito. Para além desta, foram-lhe atribuídas ainda outras condecorações, designadamente a de participação na Frente Ocidental, a Medalha Interaliada da Vitória, a Medalha de Cobre Leopoldo II da Bélgica, a Cruz da Guerra da 1.ª Classe, para além de um prémio de 1000 liras atribuído por uma sociedade italiana.

O testemunho da sua neta no passado dia 15 de abril de 2015, pelas 15 horas, no auditório da ESLC, Dra. Leonida Milhões, constituiu a justa e singela homenagem da Escola aos humildes combatentes do CEP que, sem compreenderem as razões de uma Guerra tão mortífera, aí deixaram a sua vida. Leonida, vinda de Torres Vedras propositadamente para esta sessão, partilhou com os alunos e professores presentes no auditório o seu ponto de vista do homem e do avô que foi este soldado, mostrou fotografias do seu espólio que pode ser visto no Museu Militar do Porto, falou do projeto de construção de uma Casa Museu e ofereceu à biblioteca um bilhete-postal no qual o seu avô surge retratado e que esta conservará com muito carinho.

Aníbal Milhais não deixou escrito nada. Para que o exemplo de valentia deste jovem franzino de bigode farfalhudo perdure na memória das futuras gerações também muito contribuirá, por certo, a publicação do empolgante romance histórico do jornalista Francisco Galope, O Herói Português da I Guerra Mundial. De anónimo nas trincheiras a herói nacional, a história de Aníbal Milhais, o soldado Milhões, em 2014, pela Matéria Prima Edições e que se encontra disponível na biblioteca.

Desenvolvimento de conteúdos Aqui e Aqui.

professora Liliana Silva




sexta-feira, 22 de maio de 2015

Selma



Ava DuVernay, Selma, EUA, 2014.
[130 minutos]


Selma - A Marcha da Liberdade conta-nos a luta histórica e pacifista de Martin Luther King Jr. contra a lei da segregação racial e pela defesa dos direitos civis da população negra norte-americana - uma campanha perigosa e assustadora, que culminou com a marcha épica a Montgomery, e que galvanizou a opinião pública a ponto de convencer o presidente Lyndon B. Johnson a aprovar a Lei do Direito de Voto em 1965.

2015 é o ano em que se celebra o 50º aniversário deste momento crucial do Movimento dos Direitos Civis.

Selma conta com as atuações de David Oyelowo, Tim Roth e Oprah Winfrey e foi nomeado em duas categorias  (mehor filme e melhor canção,) na última edição dos Óscares.
Ganhou a última categoria com a canção Glory, por John Legend e Common.


O filme em DVD está disponível na biblioteca
Número de registo: 723


Miguel Real (2)

Cota: 82-09 REA


Em 2284, a Europa é maioritariamente composta por Baldios governados por clãs guerreiros que escravizam populações esfomeadas; subsiste, porém, um território isolado por um cordão de segurança com uma sociedade que, por via da ciência e da tecnologia, atingiu um nível altíssimo de felicidade individual, pois todos os desejos podem ser consumados, ainda que apenas mentalmente.

Nesta Nova Europa, as relações sexuais são livres e não se destinam à procriação: as crianças, desconhecendo os pais, nascem nos Criatórios em placentas sintéticas e seguem para Colégios onde, sem a ajuda de livros, andróides especializados incrementam as suas competências como futuros Cidadãos Dourados. As famílias reúnem-se por afinidades, ninguém trabalha e nem sequer existem nomes, para que ninguém se distinga, já que todas as conquistas se fazem em nome da comunidade. Mas este mundo aparentemente perfeito sofre uma inesperada ameaça: a Grande Ásia, lutando com graves problemas de demografia, acaba de invadir a Europa... 
Um velho Reitor, estudioso do passado, é chamado a liderar uma equipa que possa refundar algures a Nova Europa e a deixar o testemunho da sua velha História.

Vinte e cinco anos depois da queda do muro de Berlim, Miguel Real constrói uma utopia sublime no contexto de um novo paradigma civilizacional, revelando o seu talento de escritor e filósofo e, ao mesmo tempo, chamando a atenção para o esgotamento da Europa atual.



Ensaios sobre a guerra


Cota: 355.43 TSU

Em matéria de ensaios sobre a Grande Guerra gostaria de destacar o clássico do historiador britânico Martin Gilbert, A Primeira Guerra Mundial [cota: 94/100 GIL] e a obra da historiadora portuguesa, Isabel Pestana Marques, sobre a participação de Portugal, Das Trincheiras com Saudade [cota: 94 MAR].

Igualmente apaixonante, mas fora do contexto da Grande Guerra, foi para mim a leitura do antiquíssimo tratado do General chinês Sun Tsu, (544 a.C/.496 a.C.), A Arte da Guerra, cujas 13 sábias lições se podem e, quando a mim, se devem aplicar ao dia-a-dia.

Aqui fica um excerto de duas delas:

«Toda a guerra é baseada num engano. Deste modo, quando prontos a atacar, devemos parecer incapazes de o fazer; quando em movimento devemos parecer inativos; quando próximos, devemos levar o inimigo a acreditar que estamos longe; quando longe; leva-lo a crer que estamos perto».

Este e outros livros sobre a guerra estão disponíveis para si na biblioteca

professora Liliana Silva



terça-feira, 19 de maio de 2015

Guilherme Valente (2)



Exmo. Senhor Dr. Guilherme Valente

Gostaria de agradecer a sua presença na Escola Secundária Leal da Câmara no dia 19 de março de 2015.

O seu discurso mudou a minha vida! Como lhe disse pessoalmente no final da sessão, sei que estou numa fase difícil, em que tenho que fazer escolhas, muitas escolhas que vão, para sempre, mudar o meu futuro e o daqueles que me rodeiam. As suas palavras serviram para eu perceber que existe um mundo para além da escola e que ter conhecimento é a única condição para se viver de forma livre e consciente e ainda para eu refletir sobre a minha própria vida e recordar a minha infância: o prazer de ter um livro nas mãos, sentindo o áspero do papel na ponta dos dedos enquanto a curiosidade me move até ao final da história, é inesquecível!

Tal como o Dr. Guilherme Valente, também eu vivo rodeada de livros. O problema é que pensava que não tinha tempo para os ler e que isso não importava. As suas palavras fizeram lembrar-me o que a minha mãe me disse ao comprar o meu primeiro livro, “Um livro é um amigo que guardamos para sempre”.

Quero que saiba que irei recordar para o resto da minha vida as suas palavras e o momento em que pude sentar-me à mesma mesa que o Senhor enquanto desfrutávamos de um chá quente e de uma fatia de bolo de laranja com chocolate.

Muito obrigada por tudo!

Cumprimentos,

Rita Ferrão, aluna do 11º C2


sábado, 16 de maio de 2015

Iberanime


   
Adorei ir ao Iberanime! Foi uma experiência da qual nunca me vou esquecer.
Toda a gente era extremamente simpática e divertida e todos tinham os mesmos gostos que nós, o que nos fez sentir muito bem-vindos.
A parte do espetáculo que mais gostei foi quando todos foram dançar o para para dance: para quem não sabe é uma dança em que supostamente se imitam as orelhas de um coelho. Não faltou ninguém para se juntar aos grupos de dança. Foi a coisa mais engraçada que vi em toda a minha vida.

Participar no Iberanime foi, no seu conjunto, uma experiência que espero repetir no próximo ano.

Luis Cerqueira ^^, 2P2


A ESLS gostaria de aproveitar esta oportunidade para agradecer à loja PT Merch do Fórum Sintra todo o apoio prestado à dinamização do Clube de Ilustração manga e Cultura Japonesa.

professora Liliana Silva




sexta-feira, 15 de maio de 2015

A oeste nada de novo

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Cota: 82-3 REM


Em todo o mundo e sobretudo na Europa Ocidental, a comemoração do centenário da Grande Guerra correspondeu exatamente aquilo que se esperava dela: a realização de um conjunto diversificado de exposições, palestras e ciclos de cinema, publicação de bases de dados e reedição de ensaios e obras de literatura.
Porque existe um manifesto interesse didático de abordagem do tema, verifica-se a importância de disponibilizar estes conteúdos online em formato aberto - daí a importância do dossiê digital da Grande Guerra disponibilizado na Infoteca e no blogue da biblioteca.

Este regra apresenta, no entanto, uma lamentável exceção: o romance de Maria Remarque (pseudónimo de Erich Paul Remark, 1898-1970), A Oeste Nada de Novo, não foi reeditado em Portugal e em outros países e, por isso, só é possível obtê-lo, por pura sorte, em alfarrabistas ou lê-lo em bibliotecas, como é o caso da nossa que tem um único exemplar, por sinal bem velhinho, de 1961.
E esta é uma obra notável porque, sem apresentar juízos de valor sobre a Guerra, descreve toda uma geração de homens física e psicologicamente devastados por ela. Esta intenção podemos lê-la logo nas primeiras linhas: «Esta obra não pretende ser uma acusação nem uma confissão, mas simplesmente uma tentativa de descrever uma geração destruída pela guerra... incluindo aqueles que sobreviveram aos bombardeamentos». Para o realismo da descrição das peripécias vividas pelo protagonista, o soldado alemão Paul Bäumer de 19 anos de idade e seus amigos, muito contribuiu a experiência de Remark que, com 18 anos, foi combater para as trincheiras da Flandres (Bélgica), na qual foi ferido várias vezes.
Durante a II Guerra Mundial esta obra de Remarque foi proibida e exemplares seus queimados.

Outros romances sobre a Guerra, como o de André Brun, A Malta das Trincheiras, são interessantes e até divertidos - na Guerra havia que cultivar o humor para não enlouquecer! - mas Im Westen nichts Neues é um autêntico murro no estômago depois do qual nunca mais seremos os mesmos.

A sessão com o escritor Aniceto Afonso, sobre Portugal e a Grande Guerra, terminou com a leitura dos excertos do livro A Oeste Nada de Novo por parte do encenador do grupo de teatro da Escola, Mário Rui e dos alunos Ana Raquel Lopes e Pedro Sousa no cenário do cemitério militar que a biblioteca recriou. Esta leitura, embora feita pela professora bibliotecária, também fechou todas as sessões realizadas no âmbito do tema da Grande Guerra.

professora Liliana Silva

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Aniceto Afonso e Carlos Matos Gomes

Cota: 94(469) AFO



A Grande Guerra deflagrou nos primeiros dias de Agosto de 1914 e só terminou com a assinatura do Armistício, em 11 de novembro de 1918. Iniciada na convicção de uma campanha curta, a guerra só viria a parar cinquenta e dois meses depois, com 65 milhões de homens mobilizados, oito milhões e meio de mortos, 20 milhões de feridos, milhares de prisioneiros e desaparecidos.

Portugal participou em três frentes de combate (Angola, Moçambique e Flandres), mobilizou mais de 100 mil homens e deixou nos campos de batalha mais de oito mil mortos. A Grande Guerra demonstrou como era frágil a ordem internacional, baseada no equilíbrio de poderes e numa complexa rede de alianças. O campo de batalha modificou-se. O mundo percebeu a sua nova dimensão. Passamos todos a ser vizinhos.



Portugal e a Grande Guerra



O momento alto da comemoração da Guerra em março de 2015 foi marcado pela conferência proferida por Aniceto Afonso, autor do livro Portugal e a Grande Guerra, escrito em parceria com Carlos de Matos Gomes e reeditado em 2014 pela editora Verso da História.

       Ocorreu no dia 18, às 15:15 horas, numa biblioteca repleta de alunos, professores, elementos da comunidade, Presidente e outros membros da Junta de Freguesia de Rio de Mouro e da Direção do Agrupamento. O Coronel do Exército Aniceto Afonso começou por contar a história do processo de elaboração de uma obra de referência como esta que, para além de congregar os maiores especialistas dos temas que versa reúne um número muito significativo de ilustrações com documentos da época que a torna, onze anos depois da sua primeira publicação um documento tão atual e interessante. As razões da Guerra, o quotidiano nas trincheiras e as novas tecnologias da época (por exemplo em áreas como as da medicina e do armamento militar) foram alguns dos temas em discussão.
A fechar a sessão uma notícia trazida em primeira mão: a da criação de um Movimento de Perdão aos Fuzilados na Grande Guerra da iniciativa da Liga dos Combatentes e que, no caso português, recai sobre um único soldado, João Ferreira de Almeida que, com 23 anos de idade, é fuzilado a 16 de setembro de 1917, na Flandres. Oxalá os caminhos labirínticos da burocracia portuguesa não impeçam o reconhecimento oficial deste perdão para que, finalmente, as famílias dos que foram condenados sem justa causa possam ter paz.


         Não poderia fechar este post sem a justa referência ao contributo da Dra. Marília Afonso para o alargamento e melhoria de uma rede de bibliotecas escolares em Portugal aquando do exercício das suas funções na RBE (DRELVT) e por mão de quem Aniceto Afonso nos honrou com a sua presença. 
Amiga fiel da nossa biblioteca ofereceu-nos, desta vez, o lindíssimo e recentíssimo livro de Jorge Castro (textos e imagens), Abril - Um modo de ser, para além de nos deixar as referências bibliográficas do que de mais recente se publicou em Portugal no âmbito da Guerra e do 25 de abril de 1974 e que tem o maior interesse curricular. 

            Aqui fica a nossa palavra de sentido reconhecimento e gratidão.


professora Liliana Silva


[O dossiê da Grande Guerra, publicado a 6 de março de 2015, está disponível aqui ].



Comemoração da Grande Guerra




         No ano letivo 2014/2015 a biblioteca da ESCL assinalou a passagem do centenário do início da Grande Guerra (1914-1918) com um conjunto de iniciativas alusivas à participação de Portugal na Guerra na frente militar europeia (Flandres - Bélgica) entre janeiro de 1917 e março de 1919 (chegada dos últimos prisioneiros à metrópole). Trata-se de um modesto contributo para lembrar a participação de Portugal num conflito à escala mundial – o único no qual Portugal participou – e que poderia ter evitado, mas que por ambições imperialistas não quis evitar. Fica-nos a duríssima lição da experiência e o dever de memória deste acontecimento, até agora, tão pouco discutido na lecionação dos programas curriculares das escolas.

A biblioteca realizou esta comemoração, como habitualmente, articulando diferentes perspetivas, documentos e suportes para que uma compreensão tão alargada deste acontecimento frutifique.

O contexto de realização das iniciativas foi criado mediante a exposição na biblioteca de um conjunto de 10 painéis (Portugal e a Grande Guerra) concebidos pelo Instituto de História Contemporânea (IHC-FCSH-UNL) e de peças de artilharia e de uso militar na Grande Guerra amavelmente emprestadas pelo Museu Militar de Lisboa. Foi ainda enriquecido mediante a projeção de um conjunto de imagens devidamente legendadas  e a audição de músicas da Guerra, levantamento gentilmente realizado por Luís Sanches. A recriação, nos jardins da Escola, de uma pequena parcela de um cemitério militar da Guerra que contou com a preciosa colaboração do assistente operacional Paulo Viegas também foi o cenário adequado para homenagem aos soldados desconhecidos e aos homens que, não fazendo suas as razões da Guerra, pagaram com a própria vida o dever de consciência de desertar.

Nestes cenários foram realizadas durante o mês de março de 2015, diariamente e por parte da professora bibliotecária, visitas guiadas a turmas de todos os anos de escolaridade acompanhadas do respetivo professor curricular.

professora Liliana Silva