sexta-feira, 31 de março de 2017

Fritz Lang


[Viena 1890- Califórnia 1976]


ENTRE A LUZ E AS SOMBRAS

Na sequência da apresentação do filme Metrópolis (Berlim 1927), do realizador austríaco Fritz Lang, aos alunos do 2º ano do Curso Profissional de Técnico de Multimédia, o Clube de Cinema aceitou o desafio, lançado pela disciplina de Design, Comunicação e Audiovisuais, de analisar excertos de outros filmes do mesmo realizador que permitissem identificar características marcantes da sua obra cinematográfica.
E assim aconteceu.

No dia 14 de fevereiro, os alunos acolheram, participativos, na sua sala de aula, a professora Manuela Martins que procurou, em 90 minutos, fazer uma retrospectiva da obra do realizador que, em 40 anos de atividade, realizou cerca de 40 filmes, mudos e sonoros, predominantemente a preto e branco, rodados em alemão, francês e inglês, atravessando todos os géneros: da ficção científica ao western, do filme policial negro às histórias de aventuras.

Apesar da intensa produção de filmes cujo argumento e realização assina, bem como dos diferentes períodos de conturbação social e política que marcam o seu impulso criador, a conflitualidade dos opostos é uma presença permanente, por vezes, obsessiva, em toda a sua obra: animalidade/humanidade, inocência/culpa, justiça/vingança, piedade/condenação.

Os excertos fílmicos selecionados procuraram evidenciar este permanente confronto das forças do bem e do mal.
Primeiramente, a sequência inicial do filme que inaugura a Trilogia Mabuse, O Doutor Mabuse (Berlim, 1922), que nos apresenta um cenário da Bolsa ocupada por uma multidão frenética de homens de negócios dominados pela máquina do tempo, simbolizada pelo grande relógio, e por Mabuse, que emerge da multidão em plano contrapicado, o grande manipulador, que comanda e reduz à condição de marionetas todos os que o rodeiam, evidenciando assim uma formidável reprodução de uma sociedade onde o Mal se solta do seu corpo e se torna tão virtual como as mudanças económicas.

Seguidamente, as cenas inicial e final de M – Matou! (Berlim. 1931), o primeiro filme sonoro de Fritz Lang, inspirado na história  verídica de Perter Kurten , “o vampiro de Dusseldorf”, assassino em série preso em maio de 1930.  Ambas as cenas constituem verdadeiras lições de realização. A montagem alternada, ritmada, que faz crescer pouco a pouco o sentimento de angústia. O recurso aos efeitos de luz e sombra, que ora mostram, ora escondem. A mestria de moldar os atores à sua medida, como um escultor de emoções. Duas cenas, porventura, dignas de integrarem o património cinematográfico da humanidade.

Mas, como certamente o próprio realizador concordaria, o tempo urge e vai sempre à frente, ficando muito por dizer e mostrar. Antes assim, pelo que as últimas palavras são do realizador:
Todos os meus filmes alemães e os meus melhores filmes norte-americanos falam do destino. Hoje, já não acredito no destino. Cada um constrói o seu próprio destino. Não há um poder misterioso, não há deus que vos trace o destino. Sois vós que levantais o vosso destino.

professora Manuela Martins
Clube de Cinema


sexta-feira, 24 de março de 2017

Revolução de outubro




SESSÃO DO LABORATÓRIO DE HISTÓRIA – 6 e 7 de março

A Revolução de Outubro de 1917 ou Revolução Bolchevique, como também é conhecida, é considerada um dos acontecimentos históricos mais importantes e de maior impacto da época contemporânea, fazendo parte dos programas da disciplina de História do 9.º e 12.º anos.

No ano do centenário da Revolução, o Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova apresenta um programa de iniciativas[i] em colaboração com diversas instituições científicas e culturais, entre as quais se encontra a Biblioteca Escolar da ESLC.

Foi neste contexto que, nos dias 6 e 7 de março, contámos com a presença do investigador Ricardo Noronha, do programa de estudos de pós-doutoramento do Instituto de História Contemporânea da FCSH, para duas sessões do Laboratório de História – espaço de aprendizagem, experimentação, inovação e partilha de conhecimentos do IHC – onde se ensaiam novas metodologias e se desenvolvem projetos inovadores envolvendo práticas de investigação histórica, numa aproximação do espaço académico à sociedade.

Muito participadas, as sessões envolveram os alunos das turmas do 12º ano de Línguas e Humanidades na abordagem do tema através de novas perspetivas, permitindo uma alargada compreensão da problemática. Também para os professores da disciplina presentes, estas sessões foram consideradas um espaço de formação por excelência, abarcando não só uma vertente de atualização de conteúdos mas também o contacto com especialistas de áreas do conhecimento relacionadas com a História, numa articulação com o Património e a Memória.

professora Lucília Oliveira

Pedro Chagas Freitas

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terça-feira, 14 de março de 2017

Oficina de Origami




Workshop de Origami

No dia 8 de março de 2017, pelas 13.30 horas, na biblioteca, realizou-se uma oficina de origami dirigida por Susana Domingues e destinada sobretudo a professores, mas à qual também não faltaram alunos e funcionários.

A partir de folhas quadradas de faces com motivos exóticos ou vintage lindíssimas construímos uma bola, um peão, uma flor, o chapéu do samurai - o soldado do imperador hábil no manejo do sabre e o tsuru  - a ave (grou) sagrada do Japão considerada símbolo de saúde, longevidade e fortuna. Num ambiente descontraído e bem humorado, Susana Domingues teve ainda oportunidade de partilhar connosco referências à história e cultura japonesa, como a da lenda do tsuru, à luz da qual se compreende que as peças fabricadas em origami sejam usadas não apenas para decoração, mas também nos rituais religiosos, associadas a pedidos dos crentes.

Eis a lenda do tsuru: Em 1945, depois da explosão da bomba de Hiroshima, os sobreviventes da II Guerra Mundial adquiriram inúmeras doenças. À pequena Sadako, de 12 anos de idade, foi diagnosticada leucemia. Hospitalizada, recebeu de um amigo papeis coloridos para fazer 1000 origamis de tsuru juntamente com o pedido de cura. Uma vez que se encontrava muito doente, Sadako enquanto fazia os tsurus em papel dirigia os seus pensamentos para o desejo de paz no mundo. Faleceu ao completar o 964 tsuru. Os seus amigos terminaram os 1000 tsurus e iniciaram uma campanha para erguer um monumento pela paz que foi inaugurado em 1958 no Parque da Paz de Hiroshima.

Muito obrigada à Susana Domingues pela sua disponibilidade na divulgação de técnicas manuais ancestrais de todo o mundo junto de escolas, museus e fundações - é uma animadora habitual da Fundação Oriente! – e pelo envio dos diagramas para os vários exemplares de origami construídos nesta sessão. Junto com eles segue um cubo construído através da app Cube Creator. Faço ainda votos para que outros sigam o exemplo da Susana de modo a que estas técnicas permaneçam vivas na nossa cultura. 

professora Liliana Silva


sexta-feira, 10 de março de 2017

Sérgio Luís de Carvalho


Estamos no reinado de D. João V.
A sua ideologia absolutista escoa às mãos cheias o ouro do Brasil, enquanto o reino empobrece ao ritmo dos seus devaneios de luxo e de amantes das mais variadas extrações. O facto de o governo ignorar o desenvolvimento da colónia - antes a vendo como uma árvore das patacas - leva ao descontentamento do Brasil, terra amiúde frequentada por personagens sonhadoras.

Pedro de Rates Henequim, depois de vinte anos nas minas de Ouro Preto, regressa ao reino cheio de ideias alucinantes nas quais antecipa o fim do mundo e vê o Paraíso nas terras brasileiras. Henequim ciranda por Lisboa pregando o seu pensamento e fazendo as mais desvairadas  propostas, quer aos espanhóis, quer ao irmão mais novo do Rei. Porém, nessa cidade eivada de hipocrisia religiosa, as suas ações conduzem-no às malhas da Inquisição.

Num século XVIII marcado pela luxúria e pela ostentação, o reinado de D. João V continua a impressionar-nos pela frequente oscilação entre a comédia e a tragédia.

Sérgio Luís de Carvalho faz parte do elenco de autores do Concurso Nacional de Leitura 2017 para o ensino secundário.

A biblioteca dispõe de 3 exemplares da obra.


sexta-feira, 3 de março de 2017

Carlos No




No passado dia 22 de fevereiro  tivemos a visita do artista plástico Carlos No. 
Numa sessão dinamizada para os 11.º e 12.º anos de escolaridade do Curso de Artes Visuais da ESLC, o artista apresentou o seu ponto de vista sobre a Arte, assentando, sobretudo, em exemplos concretos selecionados entre várias obras que exemplificam a evolução humana, quer na Arte, quer na Sociedade e também na Política.

Numa linguagem muito acessível e clara, Carlos No soube também aconselhar os jovens alunos e promissores artistas quanto a procedimentos de índole prática, no caso de quererem divulgar o seu trabalho em espaços de exposição, dando a conhecer uma série de galerias nacionais onde os alunos podem apreciar obras menos convencionais.

Captando naturalmente a atenção dos alunos com a simplicidade do seu discurso e o conhecimento de quem faz parte do panorâma artístico atual, o nosso convidado mostrou algumas obras contemporâneas de caráter interventivo, com uma postura de atenção crítica aos acontecimentos mundiais, que partem de conceitos idênticos aos que regem o seu próprio trabalho. Alertou ainda os alunos para uma outra vertente que considera ser decisiva para o desenvolvimento e abrangência concetual do projeto artístico – a necessidade de cruzar saberes e usar informação diversificada, indo buscar inspiração nas mais diversas expressões e áreas do conhecimento.

Estiveram também presentes professores da área das Artes Visuais e ainda a professora bibliotecária da escola.

Fica aqui patente o nosso agradecimento por uma hora dedicada e intensa de partilha de interesses e abertura de horizontes, pois a Arte é algo que nos interpela a todo o momento, no desassossego constante da descoberta.

 professora Lúcia Carvalhas 


A página oficial de Carlos No pode ser consultada, Aqui.