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Posições



A. Contestações às reformas ortográficas

Se é contra o Novo Acordo Ortográfico, não desespere, não é, não foi, nem será o único ou a única. Leia, sorria, reflita e divirta-se com as contestações às reformas ortográficas!

«Imaginem esta palavra phase, escripta assim: fase. Não nos parece uma palavra, parece-nos um esqueleto (….) Affligimo-nos extraordinariamente, quando pensamos que haveriamos de ser obrigados a escrever assim!»
Alexandre Fontes, A Questão Orthográphica, Lisboa, 1910, p.9, apud Castro, Duarte e Leiria, 1987, p.114.

«Na palavra lagryma, (…) a forma da y é lacrymal; estabelece (…) a harmonia entre a sua expressão graphica ou plastica e a sua expressão psychologica, substituindo-lhe o y pelo i é offender as regras da Esthetica. Na palavra abysmo, é a forma do y que lhe dá profundidade, escuridão, mysterio…. Escrevê-la com i latino é fechar a boca do abysmo, é transformal-o numa superfície banal.»
Teixeira de Pascoaes, apud Francisco Álvaro Gomes, O Acordo Ortográfico, Porto, Edições Flumen, Porto Editora, 2008, p.10.

«Não tenho sentimento nenhum politico ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriotico. Minha patria é a língua portugueza. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente. Mas odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa própria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ipsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.»
Bernardo Soares (Fernando Pessoa), Descobrimento, in Livro do Dessassossego

Mas, claro, também há quem assuma posições a favor de Reformas Ortográficas.

B. Posições a favor das Reformas Ortográficas

«Não há vantagem neste francesismo anacrónico, de conservar os exagerados vestígios da ortografia alatinada de nomes gregos, já abandonado em Espanha e nas nações escandinavas, e nunca seguido em Itália e nos países esclavónicos. Os dois idiomas que mais se aprossimam do português, pela sua fonologia e morfologia, são o italiano e o espanhol, nestas denominações genéricas compreende grande parte dos diferentes dialectos românicos falados em Itália e em Espanha. Pelas ortografias destas duas nações é sensato que pautemos a nossa, simplificando-a em vez de a complicarmos com os arrebiques inúteis, rísiveis alguns deles, que vemos nos modos de escrever usados em França e Inglaterra, herança incómoda do pedantismo dos séculos XVI e XVII, que se pôde estabelecer, se bem que não sem protestos cordatos e enérgicos, porque nesses tempos a cultura literária era privilégio de poucos, uma prenda aristocrática ou hierática.»
Gonçalves Viana, Ortografia Nacional, 1904, p. 42, apud F. Gonçalves 2003, p. 581.

«Eu estou, pelo contrário, persuadida da necessidade de uma reforma, por amor aos humildes e pequeninos, que vi e vejo lutar arduamente (e quantas vezes sem resultado) com as dificuldades, incongruências, e contradições da ortografia reinante, por demais, complicada e desconecsa. Reforma regularizadora e simplificadora, bem se vê como a de Gonçalves Viana, a qual adoptei, com leves alterações, há já bastante tempo. E não me neguei a expor as minhas ideias e a fazer propaganda, no “Primeiro de Janeiro” (que sempre se mostrou partidário de reformas e simplificações) para preparar o terreno, ajudando assim, de lonje, a comissão nomeada, porque acho vantajoso que a convicção da necessidade da reforma arraigue no espírito de muitos, antes que ela se promulgue por lei.»
Carolina Michaelis de Vasconcelos, Revista Lusitana XIV, 1911, p. 201, apud F. Gonçalves, 2003, p. 773

professora Lucinda Santos

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