sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Concurso Nacional de Leitura (3)












Há já algum tempo que às quartas-feiras, pelas 14h, uma pequena comunidade de leitores se reúne para falar e partilhar ideias sobre livros e autores. Estes leitores participaram na 7ª edição do Concurso Nacional de Leitura e, numa primeira fase, leu-se O Velho e O Mar, de Hemingway, e Livro, de José Luís Peixoto. A primeira eliminatória do concurso aconteceu no dia 9 de Janeiro e os selecionados para a eliminatória a nível distrital foram três alunos do 12ºC1: Rodrigo Garcia, Joana Marchão e Duarte Quaresma. 
Este grupo gostaria que outros leitores se lhes juntassem para dar continuidade ao espírito aberto e reflexivo com que olham os livros. 
Para aguçar leituras partilha-se um texto de um dos vencedores, ainda que todos o sejam.

_________________________________

Acerca d’O Velho e o Mar – a veiculação da mensagem da obra através do título.

O título da obra é espelho do grande contraste de forças e seres da Natureza que se debatem ao longo da narrativa, pois temos, de um lado, o engenho e a mente humanos e, do lado oposto, o mar e todos os perigos e criaturas que este encerra nas suas profundezas. O velho surge-nos como símbolo da sabedoria, da resiliência, da paciência e vontade para prosseguir numa missão. O mar apresenta-se como símbolo do desconhecido, do perigo e, em último caso, como agente potenciador do fracasso e da morte. Nesta história, a ligação estabelecida entre o Homem e o mar é ainda mais acentuada e cúmplice, pois Santiago, a personagem principal, é pescador. O pescador que conhece suficientemente bem o mar para nele se aventurar, mas também para que o tema. O velho pode encontrar vitórias ou derrotas em alto mar, pode alcançar o sustento para a vida ou propiciar o seu fim. A obra dá conta desta dicotomia, do jogo de forças contrastantes e da relação entre um homem e um peixe numa luta de irmão para irmão. O título é também reflexo da grande metáfora que é a obra, quando une o velho e o mar, expondo-os a tudo o que há de mais natural e puro neles. Outro aspecto a notar e que está profundamente ligado ao seio da mensagem da obra é que não é por acaso que Hemingway não lhe dá o título de “o idoso e o mar”! Não o faz, porque, ao lermos estas páginas sobre Santiago, apercebemo-nos de que estamos na intimidade dos pensamentos e acções de um velho de verdade e, consequentemente, com todas as coisas boas e más que a velhice traz. No fundo, quando o velho se deita na sua cabana após ter trazido consigo o enorme peixe, ainda que quase completamente devorado, cumpre-se uma missão e um ciclo que foi resultado de uma viagem de autodescoberta e autossuperação. No final, há um sentimento de cansaço feliz que só se pode conquistar com elementos cruciais - a velhice e uma vida passada que se concentra a cada último momento do velho do presente, uma vida que aprendeu a envelhecer e que o fez passando por experiências tão ricas e enriquecedoras como a relação com o mar e os seus filhos peixes, nossos irmãos.

Rodrigo Prista Garcia, 12º C1


2 comentários:

  1. de relações, de palavras e de vivências se fazem os seres humanos! E há seres humanos que têm mesmo uma vida cheia! Parabéns!
    RL

    ResponderEliminar

  2. Vou ficar à espera de um comentário assim ao MEMORIAL DO CONVENTO! =P Podemos até iniciar já uma comunidade de leitores...

    Parabéns!
    LS

    ResponderEliminar