sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Churchill


Só neste Inverno de 1896, quando estava prestes a completar o meu vigésimo segundo ano, cresceu em mim o desejo de aprender. Comecei a sentir que me faltavam conhecimentos, por mais vagos que fossem, sobre muitas das grandes esferas do conhecimento. Reunira um vasto vocabulário e tinha um gosto especial pelas palavras e pela forma como se encaixavam e adaptavam nos devidos lugares, como moedas nas ranhuras de uma máquina. Dei comigo a utilizar muitas palavras cujo significado não conseguia definir com exatidão. Admirava essas palavras, mas receava utilizá-las com medo de parecer absurdo. Um dia, antes de ter saído de Inglaterra, um amigo meu disse-me: «O evangelho de Cristo é a última palavra em ética». Soava bem, aquilo, mas o que significava ética? (...). A julgar pelo contexto, pensei que podia significar «o espírito das escolas privadas», «respeitar as regras do jogo», «esprit de corps», «comportamento honroso», «patriotismo» e coisas semelhantes. Depois, alguém me disse que a ética estava relacionada não só com as coisas que deveriamos fazer mas também com a razão pela qual as deveriamos fazer e que havia imensos livros escritos sobre o assunto. Não me importaria de pagar a um erudito qualquer duas libras, pelo menos, para que me desse uma lição de uma hora sobre ética.
Qual era o objetivo de tal coisa; quais as grandes questões que abordava e as principais controvérsias que daí derivavam; quem eram as principais autoridades no assunto e quais os livros mais importantes? (...)
Decidi então começar a ler sobre história, filosofia, economia e coisas semelhantes e escrevi à minha mãe a pedir-lhe que me enviasse livros de que tinha ouvido falar sobre estes tópicos.
Agora apetecia-me explorar, queria saber mais coisas.

Ibidem, Capítulo IX, Educação em Bangalore

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Os primeiros 30 anos de Churchill foram repletos de aventura: marchas noturnas, escaramuças fronteiriças, a fuga de um campo de prisioneiros boéres e até uma visita às guerrilhas em Cuba. Aclamado como o seu melhor livro, Os Meus Primeiros Anos foi originalmente publicado em 1930 e abarca o período que vai desde o nascimento do autor, 1874, até ao seu casamento, em 1972.
Foi adaptado ao cinema em 1972 por Richard Attenborough no filme Young Winston - O Jovem Leão.
Paralelamente à sua carreira política, foi também um prolífico escritor, tendo sido laureado com o Prémio Nobel da Literatura em 1953.
Mas este livro é mais do que uma história de aventuras. É também o relato elegíaco do período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial e o retrato aprofundado de uma das mais brilhantes personalidades do século XX, através das palavras do próprio. Aqui se encontram as raízes de uma ambição nascida de pais ausentes e escolaridade deficiente.
Um livro fundamental para quem quiser perceber quem foi, afinal, essa fascinante personagem de nome Winston Churchill.



O livro está disponível na biblioteca.
Cota: 929 - CHU


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