segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Tomas Tranströmer


Após um intervalo de 15 anos, o Nobel da Literatura voltou a premiar um poeta: um sueco de 83 anos, cujas "imagens condensadas e translúcidas" foram elogiadas pelo júri da Academia.

Fonte:  jornal Público, o7/10/2011


Tomas Tranströmer

No bairro de Alfama os elétricos amarelos cantavam nas calçadas íngremes.
Havia lá duas cadeias. Uma era para ladrões.
Acenavam através das grades.
Gritavam que lhes tirassem o retrato.

"Mas aqui!", disse o condutor e riu à sucapa como se cortado ao meio,
"aqui estão políticos". Vi a fachada, a fachada, a fachada
e lá no cimo um homem à janela,
tinha um óculo e olhava para o mar.

Roupa branca no azul. Os muros quentes.
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos mais tarde perguntei a uma senhora de Lisboa:
"será verdade ou só um sonho meu?"

Tradução de Vasco Graça Moura

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