terça-feira, 31 de julho de 2012

Literacia científica


A Literacia científica suporta decisões corretas

No mês de maio dois temas vieram pôr à prova a literacia científica revelando como todos - dos decisores de grandes empresas ou governos até ao cidadão comum - quando fazem escolhas, precisam de ter informação e formação científica apropriada para poderem decidir corretamente. No caso das duas notícias percebemos que foram tomadas decisões na base de um certo desconhecimento: na primeira notícia, do segundo princípio da termodinâmica e, na segunda notícia, da natureza probabilística da genética.

Notícia 1. "Usar várias vezes a água" dos rios.

A 7 de maio de 2012 a estação de televisão TVI emitiu a reportagem, Repórter TVI - Faturas de Betão sobre a bombagem de água durante a noite em algumas barragens, centrais hidroelétricas reversíveis, chama-lhes a EDP.
Vale a pena visualizar esta reportagem, aqui.
A notícia teve ressonância e, durante os dias que se seguiram, foi discutido nos media se
a construção de barragens para reserva de energia e para servir a produção de energias alternativas - designadamente eólica - emergentes em Portugal, na sequência do cumprimento de diretivas europeias, com a subida na fatura de eletricidade que ela implica para o cidadão comum e com os custos ambientais que lhe estão associados , era uma decisão acertada      
A "solução" pareceu ter sido aceite pelos setores da opinião pública envolvidos: como não é possível armazenar a energia produzida de noite (quando é produzida em demasia), então ela é utilizada para bombear a água, mesmo se existem inevitavelmente perdas. Acaba por ser feito um armazenamento de água e, ao fazê-la passar de novo pelas turbinas, ela será transformada em receita.

2 - Criar sentimentos de culpa e lucrar com isso?

Diz a jornalista Graça Barbosa Ribeiro, no seu artigo do jornal Público, de 18 de maio, intitulado, O novo anúncio da Crioestaminal promove a culpa ou uma causa?,
O debate sobre um spot televisivo que, desde o dia 11, promove a recolha de células estaminais do cordão umbilical transbordou ontem das redes sociais para a comunicação social. [...] o presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV), Miguel Oliveira da Silva, classifica-o como ‘uma pouca-vergonha’. O administrador da Crioestaminal, André Gomes, diz que, ‘pelo contrário, o anúncio faz parte de uma campanha por uma causa’.”

A imagem central do anúncio é a de uma criança sentada naquilo que parece ser uma marquesa de um gabinete médico. A interpelação, em voz off, é feita diretamente aos pais: “Há uma hipótese em 200 de um dia ser diagnosticada ao seu filho uma doença cujo tratamento pode encontrar-se nas suas células estaminais ou nas de um irmão e que se recolhem no sangue do cordão umbilical. Uma doença como uma leucemia, um linfoma ou um tumor sólido. Nesse dia, está preparado para responder à pergunta da criança: Mãe, pai, guardaram as minhas células?

Por agora apenas existiu um debate entre iniciados porque estas questões passam à margem da maioria das pessoas. Ouviu-se, quando muito, uns comentários sobre questões financeiras: trata-se de uma medida “só para ricos".


E o leitor informado e crítico, a quem este blogue se dirige, o que pensa sobre estas situações?




professor José Frias



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