segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Dia internacional contra a corrupção




Dia Internacional Contra a Corrupção

90% dos portugueses concorda que a corrupção é generalizada no país; porém menos de 1% afirma que lhes foi solicitado ou que deles foi esperado o pagamento de um suborno no ano passado: esta é a conclusão do Relatório Anticorrupção da União Europeia publicado em fevereiro de 2014, indiciando parecer haver uma certa tolerância ou mesmo falta de consciência dos portugueses em relação ao fenómeno da corrupção. Atos como os de puxar os cordelinhos, cunhas, oferecer presentes em troca de favores parecem não ser moralmente condenáveis, mas antes fazer parte da arte do desenrascanço tão útil quando é difícil o acesso aos serviços públicos em Portugal.

Outro dos fatores que contribui para esta indiferença dos portugueses em relação ao fenómeno da corrupção decorre da impunidade daqueles que praticam este crime. O estudo da OCDE, publicado a 2 de dezembro de 2014 e que abrange os 41 países que em 1999 assinaram a Convenção Anticorrupção, revela que dos 427 casos comprovados de suborno em negócios internacionais, no período entre 1999 e 2014, poucos foram os países que sancionaram os esquemas de suborno operados, sendo que em Portugal se registaram zero sanções.[aqui e aqui]. Será útil denunciar situações de corrupção, tanto mais que parece não haver proteção adequada das testemunhas?

Estas e outras questões serviram de ponto de partida para análise e discussão do tema da corrupção com 5 turmas reunidas no auditório durante a manhã do dia 9 de dezembro. A sessão, orientada pelas professoras Guadalupe Gomes e Liliana Silva, tomou ainda como referência a leitura de dois textos: o de Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno (excerto do Juíz e do Procurador) – haverá maior inferno do que o da falta de justiça? As razões da condenação moral da justiça no século XVI não serão semelhantes às da atualidade? - e o de José Rodrigues dos Santos, redigido na sequência da sua tese de doutoramento, A Verdade da Guerra – não será a regra do jornalismo e, do discurso humano em geral, a reconstrução - e não a reprodução - da realidade? Será que temos consciência de que a perceção sobre a corrução que formamos, privilegiadamente com base nas notícias, é parcial e subjetiva?

Apesar do debate no auditório ter sido muito animado, o momento alto do dia foi, sem dúvida, a vinda do Senhor Presidente do Tribunal de Contas e do de Conselho de Prevenção Contra a Corrupção, Guilherme Oliveira Martins, para uma aula consagrada ao tema Prevenir o Futuro. Transmitida em direto online pelos alunos do Centro de Produção Audivisual/TVLC esta aula foi visualizada silmultaneamente na biblioteca, onde os alunos e professores aí reunidos comentavam online, via Twitter, o discurso do Senhor Presidente; os twittes digitados eram visualizados de forma agrupada e em direto no ecrã do auditório. Neste cenário em que o uso das tecnologias pareceu quebrar os limites do espaço e do tempo as turmas envolvidas aderiram com grande entusiasmo ao discurso do orador intervindo com comentários e questões. Esta sessão contou ainda com a participação do Diretor-Geral do Tribunal de Contas e Secretário Geral do Conselho de Prevenção da Corrupção, José Tavares, do Comissário do Plano Nacional de Leitura, Fernando Pinto do Amaral, do Presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta e do Diretor do Agrupamento, Jorge Lemos. 
Na assistência tivemos a honra de poder contar com o Presidente da Junta de Freguesia de Rio de Mouro, Bruno Parreira, a coordenadora da Rede de Bibliotecas Escolares, Manuela Silva, a  coordenadora interconcelhia de bibliotecas escolares de Sintra, Isabel Mendinhos, a assessora de imprensa do Senhor Presidente, Edite Coelho, para além de outros conselheiros e membros do Tribunal de Contas. A sessão no auditório terminou com a visita do Senhor Presidente à biblioteca para autografar o seu mais recente livro, desta vez consagrado ao tema das viagens, Na Senda de Fernão Mendes. A visita dos nossos ilustres convidados foi apoiada pelos alunos do Curso Profissional de Técnico de Secretariado da Escola Secundária de Mem-Martins que, orientados pela professora Ofélia Santos, tiveram um excelente desempenho.

Para além destas iniciativas o Dia foi assinalado com a passagem de filmes realizados no âmbito do concurso promovido pelo Conselho de Prevenção Contra a Corrupção, Imagens Contra a Corrupção, da entrevista filmada ao Senhor Presidente realizada na sede do Conselho pelos alunos Ana Maria Silva, Bárbara Dias e Frederico Conde e de outros trabalhos realizados pelos alunos das turmas do professor António Narciso que, durante duas semanas, trabalhou o tema da Corrupção com os seus alunos; a professora Lúcia Carvalhas criou um grande painel que lembrava aos mais distraídos o significado do Dia.

professora Liliana Silva



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