Filmes de marca: Pieces of a Woman (2020)
Pieces of a Woman (2020) é o primeiro filme em língua inglesa do realizador húngaro Kórnel Mundruczó. O plano-sequência inicial do filme, com quase meia hora de duração, mostra o traumático parto caseiro de Martha Weiss (Vanessa Kirby), culminando com a morte do bebé por asfixia, perante o desespero e a impotência do pai, Sean (Shia LaBoeuf) e da parteira (Molly Parker) que veio substituir, à última hora, a que tinha sido contratada pelo casal.
Este filme deixa diversas marcas, consoante o espetador seja uma mãe, uma mulher grávida, um pai, uma jovem adulta, como é o meu caso, e é nesta capacidade de impressionar de diferentes maneiras quem o vê que reside a beleza deste drama que nos prende ao ecrã do princípio ao fim.
Nesta fase da nossa vida, o futuro é algo indiscutivelmente importante e é inevitável sonhar. Imaginar onde estaremos daqui a cinco anos, idealizar a nossa casa, imaginar como serão os nossos filhos. O futuro, por ser uma incógnita, gera receio, medo de fazer escolhas erradas, de arriscar e este filme ajudou-me a compreender melhor esta realidade. Ao envolver-me numa narrativa que mostra a imprevisibilidade do futuro e que há escolhas/ações que não são boas nem más, que decorrem apenas da necessidade de ultrapassar certos obstáculos com que nos deparamos na vida, alertou-me para o dever de valorizarmos o que temos de uma forma mais compreensiva. Talvez, por vezes, a vida nos pareça injusta. Mas não será mais injusto culparmos os outros para amenizar a dor que sentimos diante de algo que nos trouxe sofrimento?
No coração de uma jovem de 18 anos é impossível ficar indiferente a este filme, porque lança muitas perguntas, mostra que a vida é feita de muitas escolhas e que nem sempre acertamos em todas. O filme marcou-me também pelo facto de eu nunca poder prever qual será aquele sentimento e, automaticamente, percebi que não sou obrigada a saber tudo porque, na verdade, nunca o saberei.
Viver é a palavra-chave. O tempo pode ser lento, apesar de continuar a ser sempre o mesmo, como pode ser rápido se for tarde demais, mas há algo que ninguém nos pode tirar, as nossas memórias. E viver é a única maneira de as podermos criar, guardar e recordar, mesmo quando nos causam sofrimento.
Veja o trailer aqui:
Mariana C., 12.º ano
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