sexta-feira, 28 de outubro de 2016

João Lobo Antunes [1944-2016]


Cota: 174-ANT


A ética, que nos ajuda a esforçar-nos por viver a vida boa de Aristóteles e Ricouer, está presente em todos e cada um dos ensaios aqui reunidos e é tratada sob a mais nobre das formas de a encarar, que é a do debate baseado na escuta exigente na fundamentação lógica dos argumentos, almejando  a razoabilidade, e informado pelo respeito pelas convicções e razões dos que pensam diferentemente. Mesmo que se não concorde com João Lobo Antunes (e algumas vezes tal acontece, felizmente, comigo), não se pode deixar de  saudar este formidável argumentador, este expositor sério e comprometido de valores e virtudes, renitente a aceitar princípios esquematizantes e só aparentemente orientadores da atitude certa e do procedimento correto. A sua experiência como médico, a observação aguda da complexidade emocional-racional do ser humano, particularmente quando se declara ou assume como doente, conduzem-no por vezes a confessar-se incapaz de optar em situações dilemáticas e angustiantes, aquelas situações de vida ou morte em que só a recta intenção e a consciência sondada até ao âmago podem servir de decisor.
Por outro lado, este é um livro autobiográfico, na medida em que não só são relatadas situações vividas como se patenteia, nu ou descarnado, o homem, sem nunca se ofender o natural pudor de quem recusa qualquer exibição.

Carece-me autoridade para emitir juízos acerca da qualidade literária destes escritos. Como leitor crónico, dependente de livros, posso todavia dizer que é raro encontrar quem alie, como o Autor, a elegância formal a uma análise rigorosa, a riqueza das metáforas e imagens a uma enxuta e cristalina exposição de teses. Não é, certamente, deslustre para a ínclita geração dos Lobo Antunes, que conta entre os seus representantes três médicos escritores, este opus admirável. Basta ler a «História de um Velho» para se concluir que este realista, compassivo e rigoroso retrato da decadência orgânica e da coragem fiel do ocaso de uma vida garante uma duradoura presença na grande prosa portuguesa. 

Walter Osswald (*), in Prefácio

Outras obras de João Lobo Antunes disponíveis na biblioteca: Aqui e Aqui.


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(*) Professor aposentado da Faculdade de Medicina do Porto; Presidente da Comissão de Ética da Universidade do Porto; Conselheiro do Instituto de Bioética da Universidade Católica Portuguesa; Detentor da Cátedra de Ética da Universidade do Porto.





segunda-feira, 24 de outubro de 2016

DocLisboa´16



Começou no passado dia 21 a 14ª edição do Doclisboa – festival internacional de cinema que decorre até 30 de outubro, em vários locais da cidade – Culturgest, cinema São Jorge, Cinemateca Portuguesa, Fundação Calouste Gulbenkian e Palácio do Príncipe Real.


A Programação é vasta e diversa. Na Competição Internacional podemos ver 18 filmes, 7 dos quais em estreia mundial: Kimi Takesue (EUA), Yuki Kawamura (Japão, França), Maria Giovanna Cicciari (Itália), Ludovica Tortori de Falco (Itália), Féliz Rehm (França), Louis Henderson (Reino Unido), e Maximiliano Schonfeld (Argentina). Nesta selecção de obras, de diferentes formatos e durações, Rita Azevedo Gomes é a presença portuguesa, com o filme Correspondências

Na Competição Portuguesa estarão Marília Rocha, Pedro Neves, Cláudia Varejão, André Marques, Cláudia Rita Oiiveira, Miguel Faro, Ida Marie Sørensen, Joana Linda, Mário Macedo, Patrícia Pinheiro de Sousa, Edgar Pêra e Luciana Fina. Da Terra à Lua, que estreia fora de competição, traz os mais recentes filmes de realizadores como Wang Bing, Avi Mograbi, Werner Herzog e Rithy Panh, entre outros. Na secção Riscos destaca-se a homenagem a Peter Hutton, realizador experimental americano recentemente falecido, num programa assinado por Luke Fowler e Rinaldo Censi. Luke Fowler, candidato ao Turner Prizer em 2012, é também alvo de uma incursão pelos seus filmes.

Destacamos Manon de Boer, presença regular no festival, convidada nesta edição a programar uma sessão em torno do seu último filme. How I fell in Love with Eva Ras, de André Gil Mata, menção especial do grande prémio FidMarseille, também marca presença nos Riscos. O filme de abertura desta secção será Manoel de Oliveira: 50 anos de Carreira, filme realizado em 1981 por Augusto M. Seabra e José Nascimento.
No Cinema de Urgência destacamos a sessão com a presença da Mídia Ninja. A segunda edição do Arché, o laboratório de desenvolvimento de projectos do Doclisboa, além de projectos portugueses e espanhóis, abre-se este ano a projectos suíços. Este ano, a Oficina de Escrita e Desenvolvimento de Projeto conta com seis projetos e a Oficina de visionamento com cinco.  As restantes secções, Heart Beat, Verdes Anos e Doc Alliance mantêm-se.

Difícil vai ser escolher, por isso pode consultar o programa do Doclisboa’16, aqui.


professora Manuela Martins



sexta-feira, 14 de outubro de 2016

The Times They Are A Changin'


Bob Dylan é o vencedor do Prémio Nobel da Literatura 2016, "por ter criado novas expressões poéticas na tradição da canção americana". (...)
É a primeira vez que o Nobel é entregue a um compositor, "que pode e deve ser lido", para além de escutado.

Fonte: Observador, 13/10/2016



(...) The line it is draw
The curse it is cast
The slow one now 
Will later be fast
As the present now
Will later be past
The order is rapidly fadin'
And the first one now 
Will later be last
For the times they are a changin'! 

1964