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Joana Vasconcelos


Anatomia de um fenómeno

Uma coisa parece incontestável: Joana Vasconcelos é de "outro campeonato". Para o bem e para o mal. Muitos consideram que atingiu um plano em que terá no país poucos no mesmo patamar. Outros simplesmente acham que o que faz está fora do jogo da arte. Não é naturalmente o caso de Miguel Amado, comissário da representação portuguesa na Bienal de Veneza 2013 e da presente exposição da artista no Palácio da Ajuda: «É engenhoso fazer um lustre com tampões higiénicos ou uma sandália com tachos e panelas. E isso remete para um certo jogo com a própria noção de artista, que torna aquele que transforma as coisas a que não atribuímos valor em obras valorizadas, num verdadeiro toque de Midas. [...] As peças de Joana Vasconcelos, além da forma, têm um conteúdo, um significado que as pessoas são capazes de discernir . Dessa identificação, resulta que são capazes de se questionar em termos individuais e do seu lugar no mundo.[...]»
Depois do flamejante helicóptero, forrado de penas de avestruz e cravejado de brilhantes, um cacilheiro para Veneza: não deixa de surpreender em grande. Não se trata de pura megalomania ou bizarra extravagância.  E se o big is beautiful poderá ser uma estratégia eficaz de ampliação e disrupção dos objetos quotidianos, a sua arte não é apenas de escala, nem o seu impacto cai nas convencionais medidas.

«Há comunicação a mais no nosso tempo e ser comunicante não quer dizer comunicativo», diz Paulo Cunha da Silva (*). A obra de arte é comunicante,  não tem que ser comunicativa, estar sempre a explicar, a pôr legendas ou a fazer piscadelas de olho. A obra de Joana Vasconcelos que  é sempre inteligente e sedutora, porque ela também o é, e muito divertida, está a dançar perigosamente com aquilo que mais adiante a pode dissolver, em vez de reforçar aquilo que lhe permitirá ficar como obra.
Um verdadeiro "fenómeno" que comporta os seus riscos.

Maria Leonor Nunes, in Jornal de Letras e Ideias, pag. 22, Ibidem.

O jornal revela a instalação que estará na Bienal de Veneza - num cacilheiro, Pavilhão de Portugal. Entrevista, a propósito, com a artista que fala também do seu percurso e de toda a obra, quando a sua mostra na Ajuda bate recordes de público.
O "fenómeno"  Joana Vasconcelos analisado  pelos especialista (págs. 18 a 24).



O nº 1111 do JL [1 a 14 maio de 2013] está disponível na biblioteca.



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(*) Ensaísta e curador da exposição de JV no Palácio da Ajuda.



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