Para
o marinheiro o espaço e o tempo não é homogéneo e contínuo, mas, antes,
apresenta quebras, ruturas.
Por
um lado, o marinheiro vive no porto de terra no qual estabelece as suas
relações familiares estáveis e duradouras. Parte integrante da civilização, o
marinheiro toma a mulher do porto de terra como um ser confiável e digno de
proteger os seus filhos.
Por
outro lado, o marinheiro vive no porto de escala, lugar profano e impuro,
habitado por demónios suscetíveis de o fazer romper com os seus compromissos em
terra. Quando habita este lugar o marinheiro olha a mulher como suscetível de
aventura e digna de ser sua amante.
Finalmente
e, uma vez em mar alto, sob o signo da viagem, o marinheiro luta feroz e
incansavelmente com os elementos da natureza que, a todo o instante, põem à
prova a sua força, prudência e temperança. Esta luta, da qual depende a sua sobrevivência
e a dos outros elementos do navio, faz dele um herói ou uma besta.
Estas
regiões, qualitativamente diferentes, separam-se por escotilhas que, uma vez
atravessadas, deixam ao marinheiro sempre a nostalgia da viagem na qual ele,
aos olhos dos companheiros e de si próprio, ascendeu à condição de imortal.
Foi
do mito e da experiência de um navio de guerra que o Sr. Comandante Alcindo
Ferreira da Silva veio à Escola falar, no passado dia 23 de maio, num auditório
repleto de alunos e de professores. Foram as obras de Júlio Verne e de Luís Vaz
de Camões que o fizeram apaixonar-se pela marinha. Já reformado e dedicado a
outros projetos, como o do seu doutoramento em História, deixou-nos o
sentimento de, verdadeiramente, nunca ter abandonado o navio que dirigiu.
professora Liliana Silva
professora Liliana Silva
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