Foi no passado dia 4 de
maio que o Clube de Cinema organizou mais um encontro cinéfilo, desta vez na
cidade ribeirinha de Lisboa, para assistir ao filme Não (2012) de Pablo
Larraín (Santiago, 19 de agosto de 1976), jovem realizador chileno cuja obra não
deixa de surpreender e de ganhar prémios em festivais internacionais, de
reconhecido mérito.
Nomeado pela Academia
dos Óscares na categoria de melhor filme estrangeiro, Não é um filme muito
diferente dos outros a que os holofotes publicitários teimam em nos habituar.
Difícil de classificar,
entre o histórico e o documentário de ficção, Não atira-nos para um
espaço e um tempo (Santiago do Chile,1988) que não é o nosso mas onde cresce o
desejo que nos torna humanos, o desejo de afirmação da nossa autonomia, liberdade
e responsabilidade, particularmente no que se refere ao direito a expressarmos
o nosso pensamento, as nossas opiniões e escolhermos democraticamente aqueles
que nos governam.
Pressionado pela comunidade internacional,
o ditador Augusto Pinochet aceita realizar um plebiscito nacional que decida
sobre a sua continuidade ou não no poder. Acreditando tratar-se de uma
oportunidade única de pôr fim à ditadura, os líderes da oposição resolvem
contratar René Saavedra (Gael García Bernal), criativo publicitário em
ascensão, para coordenar a campanha do Não. Com poucos recursos e sob a
constante observação dos agentes do governo, René Saavedra consegue, recorrendo
a estratégias pouco consensuais, criar uma campanha consistente, alegre, positiva,
na qual a palavra de ordem é um Não, cantado como um hino de esperança, que
acabará por sair vencedor, levando à
queda do regime de Pinochet.
Um acontecimento com um final feliz que
deu ao povo chileno uma nova esperança. Nem sempre acontece assim, pelo que
este filme nos convida à reflexão partilhada, alertando-nos para a necessidade
de estarmos vigilantes, ativos e, sobretudo, de nunca deixarmos de exercer o
nosso olhar crítico, fundamentado num pensamento livre, autónomo e responsável.
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