Revista e CD-R



As vantagens da diferença sexual na evolução humana


A diferença de comportamentos entre homem e mulher resulta fundamentalmente do seu património genético (hereditariedade) ou da educação/cultura e condições de vida/meio envolvente?

De acordo com os preconceitos herdados, criamos a expectativa de que os rapazes gostam de brincar com carros e de jogar futebol e as raparigas de brincar com bonecas e ir às compras e de que os homens são bons na realização de tarefas espaciais e as mulheres em habilidades verbais. Porém, se a experiência de ambos os sexos, desde o nascimento até à idade adulta, fosse outra, será que eles continuariam a manifestar essa preferência?

Depois dos movimentos sociais de Maio de 1968 em França, alguns jovens pais, querendo por termo aos papéis ancestrais atribuídos a ambos os sexos, proporcionaram aos seus filhos uma educação idêntica através da organização das próprias creches e escolas. Esta experiência permitiu verificar que, não obstante a sua educação, rapazes e raparigas orientavam-se por comportamentos sexuados: eles preferiam brincar com carros e elas com bonecas e, no geral, as diferenças de comportamento entre os dois sexos correspondiam aos clichés habituais das escolas clássicas ou, mesmo, eram mais acentuadas. Realizaram-se outras experiências, como por exemplo no kibutz de Israel (década de 1950) e estudos semelhantes, por exemplo os do antropólogo americano Melford Spiro (1956-58), tendo-se chegado sempre a idênticas conclusões. Daqui pode concluir-se que existem determinantes pré-culturais que têm um efeito notável sobre o comportamento humano. Podemos percebe-los em factores biológicos seleccionados pela evolução que correspondem a capacidades adaptativas do ser humano. Alguns exemplos:

    - A competência para representar tridimensionalmente os objectos – fundamental para o cálculo, trigonometria, física, engenharia e a ciência em geral - foi seleccionada dos nossos ancestrais pelo sexo masculino porque era ao homem que competia caçar, explorando novos territórios;

    - A determinação do comportamento que leva as meninas a brincarem às mamãs inscreve-se num mecanismo biológico que provém do facto de, em todas as culturas (inclusive na dos mamífero), serem as mulheres a prestarem cuidados às crianças;

    - A nível sexual o homem adopta uma estratégia quantitativa que vai no sentido de querer transmitir os seus genes a muitos parceiras, persuadindo-se do seu próprio valor - a competição e o desejo de domínio são comportamentos seleccionados do homem pré-histórico - e desenvolvendo estratégias de intimidação muito eficazes que já os rapazinhos praticam - no reino animal estas estão associadas a atributos próprios dos machos: juba (leão), plumas (pavão), hastes (veado), caninos (gorila)… Estas determinações biológicas fazem com que o homem seja mais resistente ao confronto e explica, em parte, porque é que é ele quem geralmente ocupa os postos mais elevados das empresas.

Homens e mulheres não nascem iguais, mas antes são complementares e inseparáveis. Há uma interacção entre inato e adquirido que confere ao cérebro um sexo: dimorfismo cerebral.
Estas são algumas das ideias em análise no artigo "Cerveau Homme/Femme – Quelles différences?" da revista L´Essentiel - Cerveau & Psycho, nº 5, Fevereiro/Abril de 2001, disponível na biblioteca. Sumário: aqui.

professora Liliana Silva

                               
Sobre este tema a  biblioteca disponibiliza ainda  o documentário em duas partes, A Guerra dos Sexos (2007), de Leisel Evans, 49 min. Em CD-R.

Fonte: Discovery/RTP2

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