Literacia científica
No mês de maio dois temas vieram pôr à prova a literacia
científica revelando como todos - dos decisores de grandes empresas ou governos
até ao cidadão comum - quando fazem escolhas, precisam de ter informação e
formação científica apropriada para poderem decidir corretamente. No caso das
duas notícias percebemos que foram tomadas decisões na base de um certo
desconhecimento: na primeira notícia, do segundo princípio da termodinâmica e,
na segunda notícia, da natureza probabilística da genética.
Notícia 1. "Usar várias vezes a água" dos rios.
A 7 de maio de 2012 a estação de televisão TVI emitiu a
reportagem, Repórter TVI - Faturas de
Betão sobre a bombagem de água durante a noite em algumas barragens, centrais hidroelétricas reversíveis,
chama-lhes a EDP.
Vale a pena visualizar esta reportagem, aqui.
A notícia teve ressonância e, durante os dias que se
seguiram, foi discutido nos media se
a construção de barragens para reserva de energia e para
servir a produção de energias alternativas - designadamente eólica - emergentes
em Portugal, na sequência do cumprimento de diretivas europeias, com a subida
na fatura de eletricidade que ela implica para o cidadão comum e com os custos
ambientais que lhe estão associados , era uma decisão acertada
A "solução" pareceu ter sido aceite pelos setores
da opinião pública envolvidos: como não é possível armazenar a energia
produzida de noite (quando é produzida em demasia), então ela é utilizada para
bombear a água, mesmo se existem inevitavelmente perdas. Acaba por ser feito um
armazenamento de água e, ao fazê-la passar de novo pelas turbinas, ela será
transformada em receita.
2 - Criar sentimentos de culpa e lucrar com isso?
Diz a jornalista Graça Barbosa Ribeiro, no seu artigo do
jornal Público, de 18 de maio, intitulado, O
novo anúncio da Crioestaminal promove a culpa ou uma causa?,
“O
debate sobre um spot televisivo que,
desde o dia 11, promove a recolha de células estaminais do cordão umbilical
transbordou ontem das redes sociais para a comunicação social. [...] o
presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV),
Miguel Oliveira da Silva, classifica-o como ‘uma pouca-vergonha’. O
administrador da Crioestaminal, André Gomes, diz que, ‘pelo contrário, o
anúncio faz parte de uma campanha por uma causa’.”
A imagem central do anúncio é a de uma criança sentada
naquilo que parece ser uma marquesa de um gabinete médico. A interpelação, em
voz off, é feita diretamente aos
pais: “Há uma hipótese em 200 de um dia ser diagnosticada ao seu filho uma
doença cujo tratamento pode encontrar-se nas suas células estaminais ou nas de
um irmão e que se recolhem no sangue do cordão umbilical. Uma doença como uma
leucemia, um linfoma ou um tumor sólido. Nesse dia, está preparado para
responder à pergunta da criança: Mãe,
pai, guardaram as minhas células?
Por agora apenas existiu um debate entre iniciados porque estas questões passam à margem da maioria das pessoas. Ouviu-se, quando muito, uns comentários sobre questões financeiras: trata-se de uma medida “só para ricos".
Por agora apenas existiu um debate entre iniciados porque estas questões passam à margem da maioria das pessoas. Ouviu-se, quando muito, uns comentários sobre questões financeiras: trata-se de uma medida “só para ricos".
E o leitor informado e crítico, a quem este blogue se
dirige, o que pensa sobre estas situações?
professor José Frias
professor José Frias
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