Livro da semana: "Cartas da Beatriz"


Título:
Cartas da Beatriz
Autor:
Maria Teresa Maia Gonzalez
N.º de págs.
102
Sinopse:












        (…) Hoje na aula de Português, depois de termos lido um poema sobre o mar, pus-me a pensar e concluí que sou uma ilha. Em casa e na escola. (…) Vivo rodeada de um mar de gente que não me conhece e que eu preferia não conhecer. A qualquer momento, o mar pode afundar esta ilha. Uma onda maior pode aparecer e submergi-la. Submergir-me. Sou uma ilha distante de todas as outras ilhas.
 
Beatriz não é uma personagem de uma história terrível que a todos nos envolve e envergonha. É um exemplo demasiado verídico das situações que se têm vindo a banalizar no nosso quotidiano: urbano, escolar e quase anónimo. As suas cartas são gritos contidos, contas de uma solidão e agressão diárias que passam, ignoradas ─ como num mundo paralelo ─ ao lado das ocorrências e urgências diárias do mundo dos adultos. Beatriz é uma adolescente que não é capaz de vencer nem o seu medo nem a sua dor, diante da desproporção da violência que um grupo de alunas da mesma turma sobre ela exerce continuamente e se refugia na escrita de cartas para um pai ausente. Mas tal como o pai que foi viver para longe após o divórcio, a mãe, os professores, os próprios companheiros de turma, estão igualmente alheados dos seus problemas e da sua angústia que lhe tira o sono e a saúde. Ela escreve, talvez, porque ler é quase a única coisa boa da sua vida, como afirma. Ela escreve para tentar ser outra, ainda mais forte do que já é, por dentro da sua tragédia e fracasso. Ou seja, é a sensibilidade e o talento da autora que criam a Beatriz de carne e osso e nos tornam destinatários da mensagem: não podemos ignorar, não podemos estar ausentes. Para que nenhuma pessoa, no seu desamparo, se possa tornar uma ilha deserta num qualquer mar longínquo.  

(A autora também dedicou este livro à Comunidade Educativa desta Escola)

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