Leonard Cohen [1934-2016]
Tributo a Leonard Cohen
Quando uma voz se cala
para sempre, isso significa, inevitavelmente,
o fim. O fim de uma vida, tal como a conhecemos.
Mais uma vez, o silêncio
definitivo atinge-nos como um raio. Não há forma de nos prepararmos para a perda. Leonard Cohen, cantor, poeta e compositor
canadiano, acompanhou-nos durante décadas e ofereceu-nos a qualidade da sua
obra, como quem nos traz, amorosamente, num tabuleiro arranjado com primor, o
pequeno almoço à cama.
Fomos muito bem tratados
por este homem das palavras e dos sons. A sua voz gravíssima inebria e apela,
comovendo e alertando. São memórias, críticas sociais, poemas sentidos e com
sentido.
A voz, sempre a voz.
Quente, sensual, interpeladora, nunca indiferente.
A figura esguia e elegante,
por vezes encimada por um chapéu, lembra personagens de algum film noir de qualidade. Quem nos dera um
final mais feliz...
Tantos anos vividos e a
mesma inocência. Um Artista não costuma ser bom a fazer contas aos lucros
obtidos à custa do seu trabalho. Que se lhe há de fazer?
Tive a sorte de assistir
ao vivo a um espetáculo de Cohen, em Cascais, já nos idos anos 80 do século XX.
Eramos ainda jovens, ele e eu. Muitos dos seus êxitos foram ali desfiados
perante os nossos sentidos, com a magia e o poder da performance ao vivo.
O registo permanece
enquanto o homem deixa o seu corpo finito. As obras intemporais, como a de Mr.
Cohen, pairam e cobrem-nos com o seu manto invisível, até ao fim dos tempos.
Contêm a rara dimensão do sublime.
Mais uma perda. Ficámos
órfãos, de novo.
Contudo, o Homem possui
memória e é com base nessa memória que aqui rendo, postumamente, o meu humilde
tributo. E a melhor forma de o fazermos, talvez seja ouvi-lo, revê-lo, deixá-lo
preencher-nos um pouco daquele vazio que sempre fica e devolver-lhe a
capacidade de nos tornar mais ricos.
Till
the end of love, we shall dance with you in our thoughts.
professora Lúcia Carvalhas
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