José Luís Peixoto (3)
´"É importante encontrar os livros certos" JLP
Não é possível conceber a Literatura enquanto arte desligada da realidade, seja esta real/histórica ou ficcional.
Se considerarmos a Literatura como a arte da palavra e pensarmos que a palavra reenvia sempre para um referente específico, facilmente se percebe que a Literatura não pode refletir e/ou escrever sobre o vazio. Por outro lado, também não há literatura sem leitor. Dito de outro modo, não existe uma obra literária válida por si só. O seu valor é condicionado por estratégias de leitura e interpretações diferenciadas de comunidades de leitores que a consideram arte ou não de acordo com os seus interesses e expectativas ou com a maior ou menor proximidade daquela aos grupos influentes do poder.
Se considerarmos a Literatura como a arte da palavra e pensarmos que a palavra reenvia sempre para um referente específico, facilmente se percebe que a Literatura não pode refletir e/ou escrever sobre o vazio. Por outro lado, também não há literatura sem leitor. Dito de outro modo, não existe uma obra literária válida por si só. O seu valor é condicionado por estratégias de leitura e interpretações diferenciadas de comunidades de leitores que a consideram arte ou não de acordo com os seus interesses e expectativas ou com a maior ou menor proximidade daquela aos grupos influentes do poder.
Desta simples constatação decorre a ideia de que a Literatura pode ser entendida como arte em interação em que o escritor é também leitor, porque reflete sobre a realidade circundante, para a partilhar com os seus leitores, renovando, através da palavra, experiências que integram a vida vivida.
Neste processo de leitura, partilhado pelo escritor e pelo leitor, o domínio da palavra é importante e constitui um incentivo ao pensamento e à tomada de decisões. As palavras preparam para pensar e viver; despertam no ser humano qualidades que o incentivam a viver, tornando-o mais sensível, com mais qualidade de vida, não só para sentir as vivências, mas também para pensar e refletir; para criticar o preconceito, o cliché, o «kitsch» e, deste modo, afirmar e fundamentar as escolhas pessoais.
Com base no acima exposto, é possível afirmar que a obra literária proporciona uma reflexão sobre a realidade, que conduz necessariamente à questionação e problematização do real, ao mesmo tempo que possibilita o (auto) conhecimento em contínua evolução. Nesta medida, escrever é olhar e querer conhecer o outro, para partilhar vivências com convicção, com a consciência de que não se está só, mas ligado por um sentimento de pertença a alguma coisa que já existe e que pode ser reinventada pelo poder da palavra escrita. Da mesma maneira, ler proporciona o encontro do sujeito leitor com essas vivências num processo de crescimento e de valorização pessoal, que conduz à mudança interior, com a certeza de que tudo está em contínua renovação.
Em síntese, a Literatura pode ser considerada um fator de mudança individual que apela, por isso, à importância da escolha das leituras que norteiam a vida. Ler é uma preparação para a vida.
Saibamos, assim, escolher os livros da nossa vida!
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Seguiu-se ao Encontro com o Escritor uma venda de livros de José Luís Peixoto na qual foram apurados quase 500 euros com 20% de desconto sobre o preço de venda ao público. Imagino que este deva ter sido um recorde de vendas nacional em encontros deste género em que o livro é adquirido numa escola espontaneamente por parte do leitor, sendo que este é um jovem. O número é tanto mais impressionante quanto durante toda a semana já se tinham vendido na biblioteca um número muito significativo de livros. Claro que a fila para a aquisição e autógrafo de livros foi longa e a maior parte dos títulos esgotaram-se.
Num mundo superficial e aparente em que vivemos toca-me particularmente esta situação em que um escritor é tomado, por parte dos nossos adolescentes, como ídolo a venerar.
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