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Aníbal Milhais, o soldado Milhões





Milhões, o herói português da Grande Guerra

Este homem valia por vinte, trinta mil, por um milhão de homens. Não devia ser Milhais, mas Milhões.
Comandante do batalhão em que Milhais servia  (França)


Aníbal Augusto Milhais (1895-1970) combateu na Grande Guerra (1914-1918) como elemento do Corpo Expedicionário Português (CEP) entre 1917 e 1918. Tal como a grande maioria dos soldados do CEP era um jovem de origens muito humildes, analfabeto, agricultor e que, até à data da sua partida para a Guerra, não tinha saído das imediações da sua terra natal, Valongo, concelho de Murça (Trás-os-Montes).
Não fora a iniciativa do jornal Diário de Lisboa, em 1924, convidá-lo para participar na cerimónia de Estado de tumulização dos dois soldados desconhecidos da Grande Guerra (um das expedições em África e outro das expedições na Flandres) e acender da Chama da Pátria que teve lugar no Mosteiro da Batalha e, provavelmente não ouviríamos falar mais dele, dada a sua simplicidade e modéstia.

O seu maior feito na frente de combate da Flandres foi durante a batalha de La Lys (9 de abril de 1918) em que, contrariando as ordens de um oficial, cobriu a retirada dos seus companheiros portugueses e britânicos, acompanhado de uma metralhadora ligeira Lewis, arriscando a própria vida.
 Pelo seu desempenho exemplar na Guerra foi o único soldado raso a receber a mais alta condecoração a que um militar português pode aspirar, a de Cavaleiro da Ordem de Torre e Espada do Valor, Lealdade e Mérito. Para além desta, foram-lhe atribuídas ainda outras condecorações, designadamente a de participação na Frente Ocidental, a Medalha Interaliada da Vitória, a Medalha de Cobre Leopoldo II da Bélgica, a Cruz da Guerra da 1.ª Classe, para além de um prémio de 1000 liras atribuído por uma sociedade italiana.

O testemunho da sua neta no passado dia 15 de abril de 2015, pelas 15 horas, no auditório da ESLC, Dra. Leonida Milhões, constituiu a justa e singela homenagem da Escola aos humildes combatentes do CEP que, sem compreenderem as razões de uma Guerra tão mortífera, aí deixaram a sua vida. Leonida, vinda de Torres Vedras propositadamente para esta sessão, partilhou com os alunos e professores presentes no auditório o seu ponto de vista do homem e do avô que foi este soldado, mostrou fotografias do seu espólio que pode ser visto no Museu Militar do Porto, falou do projeto de construção de uma Casa Museu e ofereceu à biblioteca um bilhete-postal no qual o seu avô surge retratado e que esta conservará com muito carinho.

Aníbal Milhais não deixou escrito nada. Para que o exemplo de valentia deste jovem franzino de bigode farfalhudo perdure na memória das futuras gerações também muito contribuirá, por certo, a publicação do empolgante romance histórico do jornalista Francisco Galope, O Herói Português da I Guerra Mundial. De anónimo nas trincheiras a herói nacional, a história de Aníbal Milhais, o soldado Milhões, em 2014, pela Matéria Prima Edições e que se encontra disponível na biblioteca.

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professora Liliana Silva




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