Ler em voz alta (2)
Desde o seu surgimento, há 5.200 anos atrás, na Mesopotâmia, que a escrita foi criada com a finalidade de ser lida em voz alta e, por isso, continha na sua própria estrutura elementos de oralidade que, para além de atraírem a atenção do leitor e de envolverem emocionalmente o recetor, facilitavam o entendimento da mensagem. Os elementos de oralidade a que nos referimos são, entre outros, as repetições, as redundâncias e os pleonasmos, as metáforas, as hesitações, os trocadilhos, os alongamentos, as rimas, as frases feitas, os ditos populares e a gíria.
O avanço da ciência e da técnica impôs
à escrita uma crescente abstração e depuração dos seus elementos orais que, nessa
medida, tem evoluído no sentido de uma maior objetividade e neutralidade.
Fomos educados e somos educadores
neste paradigma das Luzes e, nesta medida, cultivamos o uso da palavra (logos) escrita (divorciada da oralidade)
e do silêncio. Só assim se compreende que nos seja tão difícil ler em voz alta
fazendo uso de todos os recursos expressivos da voz (volume, velocidade, tom) e
do corpo (gestualidade) que para as crianças é tão natural.
Lutando contra a nossa resistência para
ler em voz alta, o narrador oral argentino, Rodolfo Castro, instruiu, com paciência
e sentido de humor, os professores do Agrupamento e os professores
bibliotecários do concelho de Sintra presentes na ação de formação, nesta arte
de ler em voz alta, mostrando que o trabalho em conjunto e o uso consciente e
controlado da voz e do corpo contribui para um maior envolvimento e compreensão
dos textos escritos. Enfim, uma tarde divertida na qual quase voltamos a ser
crianças!
professora Liliana Silva
E eu diria que uma das características que o professor deve ter, manter e cultivar, é mesmo a ser criança na alma!
ResponderEliminarObrigada pela oportunidade que nos deram de o fazer, uma vez mais!
Luísa Supico