José Luís Peixoto

“[…] à procura, procura do vento. Porque a minha vontade tem o tamanho de uma lei da terra. Porque a minha força determina a passagem do tempo. Eu quero. Eu sou capaz de lançar um grito para dentro de mim, que arranca árvores pelas raízes, que explode veias em todos os corpos, que trespassa o mundo. Eu sou capaz de correr através desse grito, à sua velocidade, contra tudo o que se lança para deter-me, contra tudo o que se levanta no meu caminho, contra mim próprio. Eu quero. Eu sou capaz de expulsar o sol da minha pele, de vencê-lo mais uma vez e sempre. Porque a minha vontade me regenera, faz-me nascer, renascer. Porque a minha força é imortal.”
Peixoto, José Luís, Cemitério de Pianos. Lisboa: Quetzal Editores, 2009, pp. 193-194
A vontade. O motor da nossa existência, aquilo que nos leva a superar-nos, a ir além das nossas capacidades, contra todos os obstáculos, para concretizar um objectivo – vencer.
É este o desejo que impele Francisco Lázaro até à meta, na dura maratona, em Estocolmo. À medida que os quilómetros se vão sucedendo, o cansaço e as dificuldades acentuam-se, mas Lázaro não desiste: luta estoicamente até à exaustão, perseguindo a vitória, movido pelo orgulho e pelo amor que a família deposita nele e pela lembrança do filho, ainda por nascer, mas em quem quer deixar já a sua marca pessoal – a vontade de vencer, de não desistir…
E a ti? O que te move nesta maratona, que é o curso da tua vida?
Que memórias de leitor evoca em ti este excerto da obra Cemitério de Pianos?
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