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Em todo o mundo e sobretudo na Europa Ocidental, a comemoração do centenário da Grande Guerra correspondeu exatamente aquilo que se esperava dela: a realização de um conjunto diversificado de exposições, palestras e ciclos de cinema, publicação de bases de dados e reedição de ensaios e obras de literatura.
Porque existe um manifesto interesse didático de abordagem do tema, verifica-se a importância de disponibilizar estes conteúdos
online em formato aberto - daí a importância do dossiê digital da Grande Guerra disponibilizado na Infoteca e no
blogue da biblioteca.
Este regra apresenta, no entanto, uma lamentável exceção: o romance de Maria Remarque (pseudónimo de Erich Paul Remark, 1898-1970), A Oeste Nada de Novo, não foi reeditado em Portugal e em outros países e, por isso, só é possível obtê-lo, por pura sorte, em alfarrabistas ou lê-lo em bibliotecas, como é o caso da nossa que tem um único exemplar, por sinal bem velhinho, de 1961.
E esta é uma obra notável porque, sem apresentar juízos de valor sobre a Guerra, descreve toda uma geração de homens física e psicologicamente devastados por ela. Esta intenção podemos lê-la logo nas primeiras linhas: «Esta obra não pretende ser uma acusação nem uma confissão, mas simplesmente uma tentativa de descrever uma geração destruída pela guerra... incluindo aqueles que sobreviveram aos bombardeamentos». Para o realismo da descrição das peripécias vividas pelo protagonista, o soldado alemão Paul Bäumer de 19 anos de idade e seus amigos, muito contribuiu a experiência de Remark que, com 18 anos, foi combater para as trincheiras da Flandres (Bélgica), na qual foi ferido várias vezes.
Durante a II Guerra Mundial esta obra de Remarque foi proibida e exemplares seus queimados.
Outros romances sobre a Guerra, como o de André Brun, A Malta das Trincheiras, são interessantes e até divertidos - na Guerra havia que cultivar o humor para não enlouquecer! - mas Im Westen nichts Neues é um autêntico murro no estômago depois do qual nunca mais seremos os mesmos.
A sessão com o escritor Aniceto Afonso, sobre Portugal e a Grande Guerra, terminou com a leitura dos excertos do livro A Oeste Nada de Novo por parte do encenador do grupo de teatro da Escola, Mário Rui e dos alunos Ana Raquel Lopes e Pedro Sousa no cenário do cemitério militar que a biblioteca recriou. Esta leitura, embora feita pela professora bibliotecária, também fechou todas as sessões realizadas no âmbito do tema da Grande Guerra.
professora Liliana Silva